o mar do poeta

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quarta-feira, junho 13

MEU PAI PAZ À SUA ALMA



 Em várias cidades de Portugal bem como no Brasil o dia de hoje, dedicado a Santo António é feriado nacional, em Lisboa é dia de festa havendo as famosas marchas populares, porém para o articulista este dia tem um significado bem diferente, já que foi neste dia 13 de junho tal como aconteceu a Santo António, que Deus chamou até si a alma de meu extremoso pai.

Faz hoje 62 anos, tinha eu na altura apensas 8 anos de idade, mas me recordo muito bem de meu pai, no dia 10 de junho ele se quis ir apanhar sol no passeio defronte de nossa casa, tinha frio, envergava um capote alentejano e o sol estava escaldante, eu fiquei junto dele todo o tempo.

No dia 13 sentiu-se mal, em casa estaca eu e minha extremosa mãe, fiquei junto de seu leito e vi o seu sofrimento e igualmente o seu falecimento, o que imensa impressão me causou.

Minha extremosa mãe, não querendo que eu acompanha-se os actos seguintes, e ao ver passar na rua um amigo nosso que era agente da PSP, lhe pediu para me levar e lá na casa dele passar a noite, e assim foi.

No dia seguinte demanhã regressei a casa, o corpo de meu extremoso pai estava já numa urna, no quarto do rés do chão, queimam-se umas tiras de papel cujo cheiro me entranhou imenso, e quando vou visitar alguns mosteiros e estão queimando pivetes, esse cheiro se reaviva em minha memória.


Meu extremoso pai, Vicente Ferreira Cambeta,  ao contrário de Fernando Martins Bulhões - não era santo algum, mas um humilde sapateiro muito considerado na cidade de Évora e não só, e tal como Santo António bem jovem partiu deste mundo, tinha a idade de 54 anos.

No dia de seu funeral muitos amigos o acompanharam até ao cemitério dos Remédios em Évora, mas aconteceu um caso muito estranho, quando a urna com o corpo de meu pai passava junto à Travessa das Gatas, que ficava mesmo ao lado de nossa casa, havia uma enorme multidão de pessoas assistindo, uma delas a esposa do sapateiro Salvador, cuja oficina ficava defronte da oficina de meu pai, que ao ver passar a urna teve um ataque de coração e teve morte súbida. 

Já se passaram 62 anos mas a morte de meu extremoso pai continua bem presente em minha memória, como tal para mim este dia não é dia de festejos mas sim de recordações.

Quando esta foto foi tirada ainda não tinha nascido a minha irmã mais nova, meu pai tinha ao colo meu irmão novo o Vicente, eu estou de cabelo rapado e vestindo um macacão. Infelizmente para além de meu pai, nos deixaram depois a irmã Emília, com apenas 15 anos de idade, irmã essa que na foto se encontra a trás de mim, depois Deus chamou meu irmão mais velho o José, na foto à direita envergando fato e gravata, e à uns anos atrás Deus igualmente chanou meu irmão mais novo o Vicente.

Que Deus tenha as suas almas em Sua companhia, lá nos Reinos dos Céus.

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Santo António de Lisboa, internacionalmente conhecido como Santo António de Pádua, OFM (Lisboa, 15 de Agosto de 1191-1195 ? - Pádua, 13 de Junho de 1231), de seu nome de batismo Fernando Martins de Bulhões, foi um Doutor da Igreja que viveu na viragem dos séculos XII e XIII.

Primeiramente foi frade agostiniano, tendo ingressado como noviço (1210) no Convento de São Vicente de Fora, em Lisboa, indo posteriormente para o Convento de Santa Cruz, em Coimbra, onde fez seus estudos de Direito. Tornou-se franciscano em 1220 e viajou muito, vivendo inicialmente em Portugal, depois na Itália e na França. No ano de 1221 passou a fazer parte do Capítulo Geral da Ordem de Assis, a convite do próprio Francisco, o fundador, que o convidou também a pregar contra os albigenses em França. Foi transferido depois para Bolonha e de seguida para Pádua, onde morreu aos 36 (ou 40) anos.

Sua fama de santidade o levou a ser canonizado pela Igreja Católica pouco depois de falecer, distinguindo-se como teólogo, místico, asceta e sobretudo como notável orador e grande taumaturgo. Santo António de Lisboa é também tido como um dos intelectuais mais notáveis de Portugal do período pré-universitário. Tinha grande cultura, as referências ilustrativas que apresentava em seus sermões indicam que ele estava familiarizado com as obras de Plínio, o Velho, Cícero, Sêneca, Boécio, Galeno e Aristóteles, entre outros autores clássicos, sendo versado em diversos aspectos das ciências profanas. Seu grande saber o tornou uma das mais respeitadas figuras da Igreja Católica de seu tempo. Foi o primeiro Doutor da Igreja franciscano, e seu conselho era buscado pelo próprio São Francisco. São Boaventura disse que ele possuía a ciência dos anjos.

Fonte - Enciclopédia livre

6 comentários:

Prof.Ms. João Paulo de Oliveira disse...

Estimado confrade e amigo António Cambeta!
Fiquei enternecido com o tributo que você prestou ao seu saudoso e valoroso pai!
Fico cá a divagar a cena da multidão que acompanhava o caixão, que continha os despojos mortais do Sr. Vicente, até o cemitério ao se deparar com a morte de supetão da mulher do sapateiro... Seu saudoso pai não negou, mesmo depois de morto, que era um alentejano da gema!!!!
Por favor, meu caro amigo Cambeta, não coloque no meu encalço os leões da Metro, porque certamente, naquela época, deu muito o que falar a morte da mulher do sapateiro...
Caloroso abraço! Saudações solidárias!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP

Henrique António Pedro disse...

Fico emocionado com estes afectos que brotam da alma e nos dão a real dimensão do Homem (com H grande)que foi seu pai, o sapateiro Vicente, que não seria maior se tivesse sido banqueiro ou general.
Calo, no meu íntimo, a emoção de ser português, transmontano ou alentejano, que importa.
Um apertado abraço de admiração e amizade, amigo António-

Arménio Cruz disse...

Padrinho

Um enorme abraço... se seu pai fosse vivo, também teria muito orgulho no meu amigo!
Era novinho, mas o amor de pai nunca esquece!...

abraço amigo

António Manuel Fontes Cambeta disse...

Estimado Confrade e Ilustre Prof. João Paulo,
Meu extremoso pai era um romântico, um bon vivan, cedo nos deixou e aos seus amores.
Defacto deu muito que falar a morte subida da mulher so sapateiro, mas a razão só Deus o sabe.
Não, não manderei os Leões da metro em seu encalce, já que até esses já não passam de gatinhos rsrsrs.
Abraço amigo e muito obrigado por seu gentil comentário.

António Manuel Fontes Cambeta disse...

Estimado Amigo e Ilustre Poeta Henrique Pedro,
Os sentimentos afloram a nossa mente sempre, já que todos aqueles que vivem com amor sente a sua fragilidade emanada do coração.
Meu pai era uma pessoa simples e boa, mas a vida é assim.
O meu sincero muito obrigado por seu gentil comentário.

António Manuel Fontes Cambeta disse...

Estimado Afilhado Arménio,
Em todos nós, independente da idade, em casos de morte e não só sempre fica na retina esses momentos, e mais quando se trata de uma pessoa tão querida quando se trata de um pai.
Meu pai se fosse vivo, o que seria um fenónemo, pois teria a profecta idade de 114 anos, mas por certo teria muito orgulho em seus filhos eu incluindo claro.
Abraço amigo e sincero obrigado por seu gentil comentário.