o mar do poeta

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sábado, junho 30

TUFÃO ROSE - AGOSTO DE 1971

 Na noite de 16 de Agosto do ano de 1971 eu e minha esposa encontrando-nos de folga, tencionámos ir a Hong Kong, para tal embarcámos no Ferry Boat Fat Shan que saiu de Macau pelas 04.00 horas, da ponte 20 do porto interior.

                                                           Navio Fat Shan

Eram cerca das 08.00 horas quando o ferry atracou em Hong Kong, estava um dia bonito e com sol.

Apanhamos um táxi e nos dirigimos para a zona de Van Chai, onte tencionamos ir fazer a reserva de um quarto no Hotel Harbourview, porém ao entramos no átrio do mesmo, verificamos que havia uma enorme tabuleta informando estar içado o sinal de tufão número 1.

Como eu e minha esposa não tinhamos solicitados nos nossos serviços autorização para nos deslocarmos a Hong Kong, apanhamos de novo um táxi que nos levou até ao antigo terminal onde embarcamos no Ferry Boat Macau.

Desembarcamos na Ponte Cais do Porto Exterior e dali seguimos para casa, volvida cerca de uma hora o sinal 3 de tempestades tropicais foi içado, e eu, como mandavam os regulamentos tive que me apresentar no comando da PMF, onde fiquei de piquete.

Não tive que intervir em acção alguma, mas meus colegas sim, já o sinal tinha sido içado e feitos bastantes estragos com árvores derrubadas, muros caídos e taipais e bambuns das obras espalhados pelas vias.

Nesse mesmo dia vim a saber que o Ferry Boat Fat Shan tinha afundado, tendo pericido 73 dos seus tripulantes. O Ferry Boat Macau igualmente não ficou bem tratado devido a ter sofrido vários embates de várias embarcações, mas felizmente não houve mortes.

Ao saber de toda aquela tragédia pensei, vejam só a sorte que tive em ter regressado a Macau  e dei graças a Deus pelo facto.

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Tragically, "Rose" was the worst typhoon for fatalities and heavy damage to property in Hong Kong since Typhoon "Wanda" in 1962. In general, heavier damage was reported in the western than in the eastern side of the Colony. Over 30 ocean-going vessels went aground or suffered collision. About 300 small craft, including 100 pleasure craft, were sunk or damaged. 



Three of the 14 hydrofoils on the Hong Kong - Macau run were severely damaged and a total of 6 Hong Kong & Yaumati ferries went aground while taking shelter in Kowloon Bay. In addition, the "Fat Shan", a Hong Kong - Macau Ferry, capsized and the 'Lee Hong', a laid-up ferry vessel, was sunk. The death toll from Typhoon "Rose" stood at 110 confirmed deaths. Most of the deaths occurred on board the capsized "Fat Shan". Of the 92 people on board, there were only four survivors, 73 confirmed deaths and the others were still missing and presumed dead. 286 persons were injured of whom 90 had to be hospitalized. 

A total of 5,644 people from 1,032 families was made homeless and 653 huts were destroyed. About 24 buildings were damaged in 12 locations, of which 6 were beyond repair or collapsed. Cables affecting some 30,000 telephones were out of order. There were numerous landslides resulting in 110 cases of road blockage of which 30 were serious. Flooding occurred in 35 locations in low-lying and coastal areas. Fallen scaffoldings and signboards, uprooted trees and broken boughs were common scenes all around the city. 

Fonte - Hong Kong Observatory


      (O estado como ficou o navio USS REGULUS da Marinha norte americana)


Amidst the fury of Typhoon "Rose" a fire broke out shortly after 9.00 p.m. on August 16 in a large power sub-station in Kwun Tong, Kowloon and the flames were fanned by the high winds to such an intensity that firefighters were unable to control it at times. Although the fire was put out at about 10.30 p.m. it triggered a general power failure, resulting in a blackout in Kowloon and the New Territories. Thousands of people were trapped in elevators during the power cut. There were 43 fire alarms altogether. 

Hundreds of pigs and over 40,000 chickens as well as other poultry were killed, about 1,356 hectares of vegetable and garden crops damaged and some 20,000 fruit trees blown down. Considerable loss of pond fish due to overflow was also reported.


sexta-feira, junho 29

DIA DE S. PEDRO E MINHAS VIAGENS

São Pedro é o padroeiro da cidade de Évora, e faz hoje 6 anos que após uns dias de férias em Portugal regressei a Macau, não passando esse belo dia na minha amada cidade, como era meu desejo.

A minha esposa que tinha estado em portugal no ano transacto, desta vez não quis ir, tendo eu efectuado a viagem sózinho, a compnahia aérea utilizada foi a Air France.

Bem cedo deixei Évora já que o vôo era às 10 da manhã, o avião utilizado entre Lisboa e Paris foi um Airbus A-320 tendo a viagem decorrido da melhor maneira, como sempre.

 O tempo de espera no aeroporto de Charles De Gaull foi curto, o avião que iria fazer a viagem entre Paris e Hong Kong era um Boeing 777-200, e eu tinha bilhete para viajar em classe economica.


Porém quando entreguei o bilhete a uma funcionária da Air France, ela muito gentilmente me perguntou se não me importava de mudar de classe, fiquei apardalado e respondi que não me importava, qual foi o mesmo espanto quando me foi entregue o bording passa para viajar em  Classe AFFAIRES (primeira classe).

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E desta forma, bem refastelado e bem comido fiz uma viagem maravilhosa de 11.50 horas, sem que para tal tivesse que despender mais dinheiro, obrigado Air France.

Já não era a primeira vez que tinha sido esse previlégio e essa sorte de viajar em Primeira Classe, a primeira que aconteceu foi na companhia aérea Thai Airways, numa viagem entre Bangkok e Hong Kong 





Tendo-me sido ofertado um jogo de talheres com 144 peças.


No ano de 1991 igualmente com bilhete de classe económica viajei em Business Class, sem que para tal pagar a diferença do bilhete, viajem essa entre Bangkok e Hong Kong.

O mesmo aconteceu na companhia aéra Cathay Pacific,  viajando na classe Marco Polo (business class) nos vôos entre Hong Kong Bangkok e regresso.


No ano de 1992, o mesmo aconteceu na companhia aérea Thai Airways viajando em Royal Executive Class  (business class), no vôo entre Hong Kong Bangkok e de regresso.

 De outra vez ao fazer o chek-In para a viagem entre Bangkok e Singapura na compabhia aérea SAS, e possuindo bilhete de economia, me foi entregue um bording pass para viajar em primeira classe, mas só na ida, já que no regresso viajei em classe economica.


 A única vez que foi obrigado a comprar bilhetes em Business class nos vôos da Thai Airways em 2001 e 2003, entre Hat Yai e Bangkok, em virtude de não haver nilhetes de economica disponíveis.

Mas tive igualmente a sorte de viajar em primeira classe no vôo entre Bangkok e Hong Kong, na companhia aéra Cathay Pacific, por amabilidade de uma gentil hospedeira, já que eu me encontrava sentado no meu lugar em classe economica e me levou para a Primeira Class.

O mesmo aconteceu na companhia aérea Air Macau, que por várias vezes viajei entre Macau e Bangkok, em Business Class.

Tenho tido imensa sorte, até no ano de 1998 a Tap me ofereceu dois bilhetes de ida e volta entre Lisboa e Funchal, devido a eu e minha esposa sermos passageiros frequantes e tinhamos acomulado milhas suficientes para poder ter direito a viagem grátis.

 

Já uitilizei 32 companhias aéreas e viajei em quase todos os tipos de aviões comerciais e espero ainda poder utilizar os mais recentes.







quinta-feira, junho 28

MISSÃO NO MAR DA CHINA

Para quem andou ou seu raalho está relacionado com o mar, sabe que nem sempre se apanha um mar de almirante, e quem é polícia marítimo fica sujeito a imensos precausos e não só, é um desses episódios que irei narra.

No já longínquo ano de 1989, andava eu embarcado comandando a vedeta de fiscalização da PMF, Bravo 1, o tipo de vedetas usadas pela Marinha Portuguesa até 1999, na costa argavia, tipo Albatroz.

Estavamos no dia 20 de Janeiro, encontrava-me de folga, tinha regressado a casa por volta das 23.00 horas, quando bateram à porta de minha casa, fui ver quem era, era um agente da PMF que me vinha transmitir uma ordem do Comandante da Divisão Mar, para que eu regressa=se a bordo o mais urgente possível, visto haver um trabalho a fazer, 

Ainda não tinha dormido nesse dia, e um pouco chateado, visto me encontrar de folga e só entraria de serviço pelas 09.00 horas do dia seguinte, lá me fui fardar e segui para a Doca D. Carlos I.

Quando lá cheguei deparei que na vedeta que eu comandava se encontrava o Comandante da Divisão, seu adjunto, um marinheiro electricista e apenas dois membros da minha guarnição, indo depois mais dois agentes que não faziam parte da guarnição que  embarcaram na vedeta.

Indaguei ao Comandate da Divisão Mar sobre o que se passava, tendo este informado que tinham desaparecido um catamarã com dois portugueses a bordo e tinhamos que bater toda a zona a sul de Coloane para os encontrar.

O mar estava tranquilo e lá seguimos sem  nos termos abastecidos de alimentos.

Começamos por patrulhar toda a costa da ilha de Colane mas nada foi encontrado, a sul desta ilha existem muitas ilhas pertencentes à República Popular da China, e foi para essas ilhas que rumamos, mas nada foi encontrado, embora até tivessemos desembarcado nessas ilhas num bote e percorrido toda a zona costeira, mas sem resultados positivos.

Seriam talvez umas 10 horas da manhã, e eu com um sono tremendo e o estomago a dar estalos, que recebemos uma chamada via rádio, de um avião patrulha da Força Aérea de Hong Kong, informando as cordenadas onde se encontrava o catamara.

Pegamos no mapa e verificamos que o catamarã se encontrava a 60 milhas do sul de Coloane num local que não usual servir de rota nem para os pescadores nem para os barcos comerciais, e para lá rumámos.


No recorte do jornal chinês Ou Mun  pode ver-se o avião que nos indicou o local onde se encontrava o catamarã, avião esse que nos acompnahou sempre até chegarmos ao local, cuja foto esta presente, o catamarã amarrado à vedeta, e na parte de baixo da notícia, um funciorário do Departamento de Segurança de Hong Kong informando os jornalista sobre a operação de busca por parte de uma vedeta da PMF. Quem souber ler chinês poderá ficar informado, visto que a notícia está lá.

Encontado o catamarã e recolhido para bordo os seus dois tripulantes que se encontravam quase desidratados e sofrendo já de hipotermia, os conduzimos para o alojamento do patrão, neste caso o meu alojamento, onde lhes foram prestados os primeiros socorros, e sendo-lhes dado a beber algumas bebidas quentes, tendo ficado junto deles um membro da tripulação.

O catamarã foi amarrado à popa da vedeta e fizemos inversão de marcha seguindo para Macau eram cerca das 11.15 horas, tendo o Comando da PMF sido informado de tudo, pelo que foi solicitada uma ambulância para os levar para o hospital, assim que a vedeta atracasse à Doca D. Carlos.

 O jornal de língua inglesa, Standard que se publicava em Hong Kong relatou desta forma a notícia.

 No caminho de regresso o mar começou a ficar encrepado passando para cavado, gerando ondas que passavam por mastro mais alto da vedeta, para quem conhece este tipo de vedetas, saberá que as mesmas não possuem o mínimo de conforto, já que quem for ao leme tem que ir de pé, já que o único banco na casa do leme se encontrava afastado do mesmo, e a visibilidade é quase nula, quando se é obrigado a navegar com o parabrisas fechado, isto é, normalmente com bom tempo se abre o parabrisas, mas com mau tem que ser fechado, caso contrário as ondas entram pela casa do leme .

Estava mesmo um péssimo tempo, a vedeta navegava a meio gás, e ainda bem longe de Macau veio onda forte onda embater no parabrisas partindo e o quadro eléctrico da vedeta causando um curto circuto, que foi prontamente apagado o fogo com o auxílio de um extintor, porém ficámos sem nos poder orientar pelo radar ou pela girabússula, ficando apenas a bússula para nos orientar em mar alto.



Com imenso esforço conseguimos prosseguir a rota e chegar a Macau eram  15.00 horas, na foto acima inserida, recorte de um jornal de língua chinesa, pode ver-se a vedeta com o catamarã a reboque, prestes a atracar ao cais da Doca D. Carlos I.


 Os dois tripulantes do catamarã a desembarcarem, podendo ver-se o articulista a ajudar um deles a descer da vedeta.


O único jornal de língua portuguesa publicado em Macau deu esta notícia, com alguns erros grassos, visto que o catamarã foi encontrado não a 40 milhas a SW de Macau mas sim a 60, e não forma cinco navios que tomaram parte nesta operação mas somente a Vedeta Bravo 1 sobre o meu comando.
No recorte do jornal pode  ver-se os dois tripulantes do catamarã falando com o Chefe do Estado Maior das Forças de Segurança, bem como o catamarã amarrado à popa da vedeta.


O jornal de língua chinesa OU Mun deu enfase a esta operação, e no recorte do jornal, pode ver-se o Comandate da PMF falando com os dois naufragos, e igualmente o catamarã amarrado à popa da vedeta.



Igualmente o jornal de língua chinesa, Va Kio Pou, deu enfase à notícia.

Os dois portugueses no dia anterior, ou seja dia 20 de Janeiro, sairam do clube náutico de Cheoc Van, Coloane, num catamarã, não levando nenhum aparelho de comunicações, navegavam a sul de Coloane quando se partiu um estai do catamarã e não podendo contralar a embarcação a mesmo foi levada pelas correntes para mar alto, pelas 17.30 horas, o encarregado do centro náutico não vendo regressar a embarcação, deu o alarme avisando os Serviços de Marinha, que prontamente enviou para Coloane uma vedeta classe Bravo, mas nada tendo encontrado regressou à Doca de D. Carlos I passava pouco das 20.00 horas.

Felizmente que tudo decorreu da melhor forma e os dois tripulantes do catamarã foram resgatados vivos.

Com a vedeta atraca à Doca D. Carlos I solicitei uma viatura para ir a casa afim de ir buscar os condimentos para o dia, sendo o pedio rejeitado pelo adjunto do comandante da divisão mar, o que me obrigou a ser rispido e o manda à merda, dizendo-lhe que não sairia para o serviço enquanto não tivesse mantimentos a bordo, visto que se saisse só regressaria no dia seguinte, esse tal adjundo era um parvo, não acatei a recusa dele e segui numa viatura da PMF, indo buscar as sardinhas que tinha preparadas e outros comdimentos, já que eu para além de ser o patrão da vedeta era igualmente o cozinheiro.

Quando regressei à Doca e estando completa a minha guarnição, mandei preparar um bidon vazio e ali mesmos foram assadas as sardinhas e ali ficámos até à hora de jantar, só depois de bem comidos sai para o serviço, o adjunto esse não mais quis conversas comigo.

Volvidos uns dias fui chamado ao gabinete do Comandate da Divisão Mar, não mpara levar algum raspanete, mas sim para me informar que os senhores M. Queiroz, advogado e R. Peixoto, biologista, tinha indo até aos Serviços de Marinha agradecer todo o trabalho que a PNF tinha sido para os encontrar e convidar o Comandante da Divisão Mar e o articulista para um jantar.

Indagando junto do Comandate da Divisão Mar se eramos sós nós que iriamos ao jantar e tendo recebido resposta afirmativa, disse ao Comandante que só iria se o pessoal da minha guarnição também fosse, pedido esse que foi rejeitado e como tal não compareci nem sei onde se realizou o jantar.




 Assim andei eu durante vários anos, mas não mais voltei com o tempo, para desespero de minha saudosa e amada Mãe. esta a vida de um marinheiro.







SEK PÁK SEK VU EM MACAU

SEK PÁK SEK VU


 

Estáva-mos no mês de Julho do ano de 1991, o dia está lindo e o mar calmo e sereno, mais parecia um espelho, o que em termos náuticos lhe chama-mos mar de patas. O dia se foi passando calmamente sem trabalho algum.

Tinha-mos feito uma longa ronda a todo o exterior da costa de Macau e como nada de anormal tivesse sido detectado fomos fundear a vedeta perto da ponte da central eléctrica de Coloane, em Ká Hó.




O dia ia caminhando calmamente para o seu crepúsculo,  tinha sido um dia bastante calmo sem terem sido detectadas algumas embarcações de refugiados vietnamitas, como tal, desloquei-me para o meu alojamento, sito na parte na parte baixa da vedeta afim de fazer alguns relatórios e descansar um pouco pois o dia ainda ia longo e durante a noite não sabia o que ainda haveria de acontecer.

Estava eu concentrado e calmamente sentado junto à minha secretária quando senti a vedeta balancear violentamente, levando a que o cadeirão de rodas onde me encontrava sentado rola-se indo embater violentamente no meu beliche.

Nesse momento pensei que tivesse sido alguma embarcação de maiores dimensões que tivesse passado perto de nós e sua ondulação nos tivesse feito balancear daquela forma, mas pensando bem não podia ter sucedido pois encontravamos fundeados num local onde não havia local para a passagem de embarcações.

O balanço se repetiu por várias vezes e desejando indagar a razão daquele violento balancear me dirigi à ponte de comando, onde encontrei o meu imediato e toda a guarnição.

Olhei para o mar e então fiquei pasmado com o que olhos poderem ver, nunca tinha visto algo semelhante e então indaguei junto do meu imediato a razão porque não me tinha chamado devido à gravidade da situação, ele me respondeu que não me desejava incomodar, pois segundo a sua versão era somente um Sek Pak Sek Vu, o que quer dizer, um tufão ali formado e ainda não detectado pelos serviços de metereologia e como tal na sua opinião não haveria perigo algum.

Os motores da vedeta estavam ligados e o pessoal estava todo a postos para o que desse e viesse.


 

A vedeta balançava fortemente, tanto que as balustradas de ambos os bordos rasavam as altaneiras ondas, quando o vento mudava, pois estava em constante mutação era a proa que afocinhava violentamente nas águas mais parecendo um submarino, de outras vezes era a popa.


Nas minhas lides no mar durante anos nunca tinha passado por situações daquelas, pelo que dei ordem para que todo o pessoal envergasse colete de salvação, já que dali não podiamos sair visto que para se poder levantar ferro necessário seria ter que um agente ir desloca-se até à proa e ali sim carregar no botão do motor eléctrico, mas naquele momento era impossivel fazê-lo.


Começou a chover torrencialmente, os estrondosos som dos trovões se faziam ouvir e os relampagos eram uma constante cujos raios caiam bem perto da vedeta.


 Por essa altura vimos uma embarcação de pesca de dimensões razoáveis, desgovernada, e que rumava em nossa direcção. O meu coração quase deixou de bater, pois estava vendo que o fim estava perto.


Liguei o projector e autofalante, fazendo sinais e chamando à atenção aos pescadores, mas não obtinha resposta alguma e a embarcação continuava rumando em nossa direcção.


Justamente nessa altura, através da radio, recebia uma comunicação do comando informando que junto da praia de Hac Sá havia uma embarcação com refugiados vietnamitas e era urgente seguir para lá afim de dar apoio e evitar que os refugiados desembarcassem.


Em Macau desconheciam a situação por que estavamos a passar e então eu, informei que estávamos debaixo de uma tempestade e que também estavamos necessitados de auxilio, o oficial de dia ao Comando repetiu de novo a ordem, intimando-me para que seguisse para o local indicado imediatamente.


Eu fiquei aborrecido e tão zangado fiquei que através da fonia, mandei para o caralho o oficial, que tinha a mesma graduação do que eu.


Os relampados iluminavam todo o mar e os raios não paravam de cair, embatiam nas águas e serpenteavam pela superficie até bem perto da nossa vedeta, o que tornava o espectáculo impressionante.



Não parava-mos de fazer sinais e emitindo mensagens para a embarcação de pesca que perigosamente se ia aproximando ainda mais de nós, mas sem obter-mos resposta alguma.


Miraculosamente a embarcação de pesca guinou um pouco e passou arrasando a balustrada de bombordo provocando ainda alguns estragos de monta, mas sem por em perigo a vedeta ou a tripulação, mas a embarcação de pesca foi embater com imensa violência nos molhes junto à ponte da CEM e vimos depois alguns tripulantes saltarem para terra firme, ficando a embarcação abandonada e devido a tantos abalroamentos nos molhes que lhe causou profundos rombos que a levou a afundar-se, e nós sem nada poder-mos fazer.

O tempo ainda continuou assim por cerca de mais meia hora, quando as vagas abrandam dei ordem para que fosse amarrado um cabo ao corpo de um agente e que ele ratejando fosse até à proa afim de levantar ferro.


Felizmente conseguiu e eu nem deixei que o ferro fosse completamente içado, dei toda a força a vante aos motores e rápidamente dali saimos, indo fundear num local seguro junto à ponte que ligava Macau à ilha da Taipa e ali permanecemos toda a noite.


Quando o tempo o permitiu dali saimos e fomos lá para a praia de Hac Sá que ficava ainda bem longe e então recolhemos os tripulantes da embarcação vietnamita, eram num total de 138, entre mulheres crianças e homens, que se encontravam todos bem, pois o Sek Pak Sek Vu não tinha passado por aquele local.


Rebocada a embarcação para a ponte de Coloane dela fizémos entrega ao pessoal do Posto informando-os quando o tempo permitisse ali regressariamos para levar a embarcação e os refugiados para fora das águas de Macau, isto é levá-los até bem perto de Hong-Kong. O que só veio a acontecer na manhã do dia seguinte.


 
Nas lides do mar os perigos são uma constante, e desta vez não ganha-mos para o susto, mas casos idênticos se repetiram no mesmo local ainda mais algumas vezes.

Tufões com ventos superiores a 200 quilometros também os passei embarcado naquela casca de nóz que comandava, felizmente que só por lá andei uns meses mais, tenho desembarcado e ido assumir as funções de Comandante de Divisão Policial e Fiscal até Agosto de 1992 data em que me reformei, mas nunca esquecerei os perigos por que passei ao longo dos vinte e cinco anos que andei nos mares da China e pelo Oceano Pacifico que de calmo só tem o nome.

Macau é assim, todos os anos passa pela época das monções e muitos tufões tem que aguentar, mas hoje em dia as coisas estão bem melhores pois quando os mesmos entram dentro de um raio de 200 quilometros os serviços de metereologia dá o aviso e são tomadas todas as percauções ao contrário de antigamente, onde muitas das vedetas nem radar tinham.

Agora em terra olhando para o mar, pois vivo defronte dele, grato lhe fico por ter sido tão benevolente para comigo e o respeito e o adoro.

Um dia a Mondego, fui comandar
Não pensem que é o rio,
pois esse jamais se viu
por estas bandas passar

Mondego era uma vedeta
da Polícia Marítima e Fiscal
que eu comandei com firmeza
até comissão terminar.

Um português embarcado
com chineses a trabalhar,
tive que ser delicado
para as coisas melhorar.

Primeiro a alimentação,
foi necessário mudar
Essa, uma condição
para melhor trabalhar.

Comida portuguesa,
essa à mesa apareceu,
desaparecendo a fraqueza,
a guarnição apreciou e comeu.

O pessoal aprendeu,
nossa maneira de cozinhar,
para ensinar estava eu
comida portuguesa veio para ficar.

Agora, bem alimentado
e com disciplina a rigor
nossa missão,foi um tratado
cumprida com sacrifício e amor.

Dias calmos, nós passamos
outros de arrepiar,
Graças à Deus nos safamos
pois com o mar não se pode brincar.

Tufões e tempestades passei
nos anos que lá andei,
imigrantes capturando
e Boat people ajudando.

Muito trabalho passei,
ondas tive que sulcar
no mar da China naveguei,
Rio das pérolas aportar.

Vários anos por lá andei,
e nunca me neguei
a malfeitores capturar
sempre no mar a navegar.

Foram imigrantes ilegais,
contrabandistas sem temor.
Cadáveres e tudo o mais,
vietnamitas, esse pavor.

No mar a vida é de sacrifício,
mas foi esse o meu ofício,
nada tenho a lamentar,
pois é belo ver o azul do mar...

Ao comando da divisão,
só tenho que agradecer, e
ao pessoal da guarnição
por tanto por mim fazer.

Minha comissão terminei,
à terra então regressei.
O mar para sempre deixei,
e por fim, me reformei.

Recordo com nostalgia,
tempos no mar passado
Onde lá, eu tudo via
desde o mar, ao céu estrelado.

A Mondego por lá continua,
pois essa é sina sua,
no mar continuar,
e no mar da China navegar.
 

MACAU ESTÁ NA ÉPOCA DAS MONÇÕES E COMO TAL DOS TUFÕES


Ciclone tropical é um termo geral para esse fenômeno meteorológico, mas dependendo de sua localização geográfica e de sua intensidade, os ciclones tropicais podem ganhar várias outras denominações, tais como furacão, tufão, tempestade tropical, tempestade ciclônica, depressão tropical ou simplesmente ciclone.

Um tufão é um ciclone tropical  que se desenvolve na parte noroeste do Oceano Pacífico, entre 180 ° e 100 ° E. Esta região é referida como o noroeste do Pacífico. Para fins de organização, o norte do Oceano Pacífico é dividido em três regiões: a leste (América do Norte a 140 ° W), central (140 ° W a 180 °), e do oeste (180 ° a 100 ° E). Fenômenos idênticos ocorrem no norte oriental do Pacífico são chamados de furacões, com ciclones tropicais que se deslocam para o Pacífico ocidental re-designado como tufões.  

A palavra Typhoon provém da língua inglesa e está relacionada à pronúncia da palavra chinesa 大风, Tai Fung, que significa "grande vento", falado no sul da China nos diealectos Hakka e Cantonês. (Outra teoria é que a inicial 'tai' som da palavra era uma referência a Taiwan, onde, do ponto de vista da China continental, os ventos vieram.) Outra etimologia possível de tufão é da palavra grega τύφειν (typhein ), que significa "a fumar", que mais tarde fez o seu caminho para a língua árabe (como طوفان Tufan) para descrever as tempestades ciclônicas do Oceano Índico

Os ciclones tropicais são os causadores de alguns dos piores desastres naturais do mundo. Em 2008, o ciclone Nargis causou mais de 150 000 fatalidades em Mianmar. O ciclone de Bhola de 1970 causou mais de 300 000 mortes em Bangladesh. Algumas regiões do mundo estão mais propensas a serem atingidas por ciclones tropicais do que outras: o leste da China costuma ser atingida por dez ciclones por ano, enquanto que nas Filipinas este número pode chegar a vinte. 





Os sinais a que se refere este código são içados nos seguintes locais: Fortaleza da Guia e Fortaleza do Monte.



  



O Clima de Macau

Macau encontra-se localizado na China Meridional a Oeste do Delta do Rio das Pérolas e é a zona de interligação entre a China continental e o Mar do Sul da China. Encontra-se igualmente localizado a Sul do Trópico de Cancer. As direcções dos ventos de Verão e do Inverno são opostas. Em consequência, Macau está localizado na zona de monções e dentro da classificação climática é considerada clima temperada e chuvosa no Verão. O período mais confortável começa a meio de Outubro até Dezembro. 

O Inverno em Macau cobre os meses de Janeiro e Fevereiro. Os ventos frios e seco de Norte da Sibéria passa continuamente através da China Central do Sul da China atingindo Macau. A temperatura do ar na zona urbana desça por vezes abaixo dos 10o.Celsius. Então, a temperatura mínima anual é geralmente registada nestes dois meses. A precipitação e o número de dias com chuva é muito baixa por causa de falta de vapor de água na atmosfera. 

A mudança de estações ocorre entre Março e Abril. A direcção do vento ao longo da zona da costa meridional chinesa é de Leste a Sueste e em consequência faz aumentar a temperatura e humidade. Além disso, na Primavera o tempo é húmido e ocorre ocasionalmente nevoeiro, chuvisco e dias de baixa visibilidade. 

O Verão em Macau é mais longo do que as outras estações. O calor e a humidade provoca tempo adversa, tais como trovoadas e chuvas intensas ocorrem de Maio a Setembro. Ocorre ocasionalmente trombas de água. Enquanto que de Maio a Outubro, ocorre com frequência tempestades tropicais pelos quais são registados os valores mais altos de precipitação, temperatura, dias de chuva e trovoadas.

A estação de Outono começa em Outubro, altura em que o continente chinês começa a arrefecer. A estação de Outono é muita curta, o tempo apresenta-se com céu limpo e confortável. Finalmente o mês de Novembro o tempo passa para relativamente frio e seco. A massa de ar frio de Norte atinge periodicamente Macau em Dezembro.

O articulista teve o seu baptismo de tufões no ano de 1964, quando o tufão Ruby assolou Macau, mas muitos se seguiram, alguns deles passados a bordo da vedeta que comandava e como sinal 10 içado, passagens essas que jamais esquecerá e que em artigos seguintes irá descrever alguns deles.




AQUI TAILÂNDIA: MACAU: “DE VOLTA À PRAIA GRANDE”

AQUI TAILÂNDIA: MACAU: “DE VOLTA À PRAIA GRANDE”