o mar do poeta

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quarta-feira, novembro 17

17 NOVEMBRO 1869 - INAUGURAÇÃO DO CANAL DO SUEZ

Calendário Histórico

1869: Inauguração do Canal de Suez



Inauguração do canal do Suez – 1869

Entrée de l’eau dans le canal maritime allant au lac Timsah

Gravura, P. Blanchard

In Le Canal Maritime de Suez. Ilustré, Paris 1869, p. [56-57)

BN HG. 6553 V.

[...] naquele dia 17, da inauguração, Port-Said, cheio de gente, coberto de bandeiras, todo ruidoso dos tiros dos canhões e dos hurras da marinhagem, tendo no seu porto as esquadras da Europa, tinha um belo e poderoso aspecto de vida. A baía de Port-Said estava triunfante.


«De Port-Said a Suez», Jan. 1870

Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Após dez anos de obras no escaldante calor do deserto, era inaugurado o Canal de Suez, hidrovia que interligou o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho

No litoral sul do Mar Mediterrâneo, na entrada do Canal de Suez, havia uma estátua gigantesca até 1956. Era do francês Ferdinand de Lesseps. Com a cabeça orgulhosamente levantada e mão direita aberta e estendida, o homem de bronze saudava o vaivém de navios. Milhares de passageiros olhavam deslumbrados para o colosso e pensavam: "Este é o pai do Canal de Suez."

"Eles não sabem que este ídolo não passa de um monumento a uma grande falsificação da história", escreveu em 1940 Nikolaus Negrelli. "Eles não têm idéia de que a planta de construção, segura pela mão esquerda no alto, nasceu de outro cérebro."

Negrelli tinha motivos para se irritar, afinal os planos de construção do Canal de Suez não foram desenhados por Lesseps, mas pelo avô do denunciante, o italiano Alois Negrelli, cavaleiro de Moldelbe, a quem os egípcios não dedicaram nenhum monumento.

Ligação já existiu no tempo dos faraós

Alois Negrelli e Lesseps trabalharam juntos em meados do século 19 na Comissão Internacional do Suez. Ambos sabiam que na época dos faraós já houvera uma ligação artificial entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho, mas que acabara soterrada pela areia do deserto. Negrelli estava convencido de que um novo canal poderia ser escavado.

Segundo Negrelli, "a ligação dos dois mares através de um canal marítimo era uma necessidade inquestionável não só para o desdobramento do comércio mundial, com o encurtamento do caminho entre a Europa e os países ricos do Oriente no Oceano Índico, mas também para a revitalização do tráfego marítimo na costa do Egito e para o florescimento de melhores condições de vida neste país abençoado."

Negrelli morreu antes de poder concretizar seus planos. Lesseps usou-os. Ele comprou da viúva todas as plantas e apresentou-as como de sua autoria. No entanto, o engenheiro Lesseps pouco entendia do assunto.

Suas virtudes estavam na política, a qual praticava como vice-cônsul da França no Egito. O astucioso diplomata providenciara a autorização para a obra do canal já em 1854, iludindo seu amigo vice-rei do Egito.

Lesseps: "Os nomes dos construtores das pirâmides, monumentos inúteis do orgulho humano, estão afundando no esquecimento. O nome do príncipe que abrir o grande Canal de Suez será enaltecido em todo o mundo durante séculos."

O diplomata fundou uma sociedade anônima. Mas os investidores mostraram-se hesitantes e apenas 75% das 400 mil ações postas à venda foram subscritas. Mesmo assim Lesseps pôde em abril de 1859 dar início ao empreendimento.

A construção foi criticada sobretudo pelos britânicos. A Inglaterra acabara de inaugurar uma linha ferroviária de Alexandria a Suez e temia por sua receita. Quando Lesseps gastou todo o dinheiro, o jornal britânico Standard atacou: "O que os acionistas irão dizer? Estes especuladores da França, Egito e Turquia? Eles vão se arruinar! Quando os 200 milhões estiverem gastos, a empresa irá abaixo por falta de recursos."

Festa para os nobres europeus

O jornal enganou-se. Milhares de egípcios continuaram escavando o canal sob o calor escaldante do deserto. Muitos deles morreram por esgotamento. Lesseps manteve-se determinado. Em 1869, o canal estava pronto. A construção demorou o dobro do tempo previsto e custou três vezes mais que o planejado.

Na véspera da inauguração, em 16 de novembro de 1869, realizou-se em Port Said uma grande festa. Nobres de toda a Europa participaram. Nos dias seguintes, eles fizeram oficialmente a viagem inaugural pelo canal. O príncipe herdeiro da Prússia, Frederico Guilherme, estava entre os presentes.

"Até a chegada em Ismailia, a viagem não ofereceu mais do que a paisagem de um canal retilíneo, entre margens de areia. Por três vezes, o navio austríaco Elisabeth, que estava à nossa frente, encalhou em bancos de areia e impediu a passagem do nosso e dos demais que vinham em seguida. Fora isto, a viagem de sete horas transcorreu sem incidentes. Mas claro que os navios avançaram sempre cuidadosos", comentou o futuro imperador alemão.

Na inauguração, ninguém mais falava de Negrelli. O idealizador do canal ficara esquecido. Somente mais tarde a filha do engenheiro foi encontrar papéis importantes, que provavam ter sido seu pai, e não Lesseps, quem desenhou os planos para o canal.

Ela levou a questão à Justiça. Sentença: Alois Negrelli, cavaleiro de Moldelbe, é o criador do canal. A decisão, porém, não trouxe benefícios para a família do engenheiro italiano. Somente a humanidade e os países proprietários do canal lucraram com a hidrovia.



O Canal de Suez (árabe, قناة السويس, Qanā al-Suways) é um canal que liga Porto Said, porto egípcio no Mar Mediterrâneo, a Suez, no Mar Vermelho.

Com a extensão de 163 quilômetros, permite que embarcações naveguem da Europa à Ásia sem terem que contornar a África pelo cabo da Boa Esperança. Antes da sua construção, as mercadorias tinham que ser transportadas por terra entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho.

História

Antiguidade

Possivelmente no começo da XII Dinastia o faraó Senuseret III (1878 a.C. - 1839 a.C.) deve ter construído um canal oeste-leste escavado através do Wadi Tumilat, unindo o Rio Nilo ao Mar Vermelho, para o comércio direto com Punt. Evidências indicam sua existência pelo menos no século XIII a.C. durante o reinado de Ramsés II.

Mais tarde entrou em decadência, e de acordo com a História do historiador grego Heródoto, o canal foi re-escavado por volta de 600 a.C. por Necho II, embora Necho II não tenha completado seu projeto.

O canal foi finalmente completado em cerca de 500 a.C. pelo rei Dario I, o conquistador persa do Egito. Dario comemorou seu feito com inúmeras estelas de granito que ele ergue às margens do Nilo, incluindo uma próximo a Kabret, a 130 km de Suez, onde se lê:

Diz o rei Dario: Eu sou um persa. Partindo da Pérsia, conquistei o Egito. Eu ordenei que esse canal fosse escavado a partir do rio chamado Nilo que corre no Egito, até o mar que começa na Pérsia. Quando o canal foi escavado como eu ordenei, navios vieram do Egito através deste canal para a Pérsia, como era a minha intenção.

O canal foi novamente restaurado por Ptolomeu II Filadelfo por volta de 250 a.C. Nos 1000 anos seguintes ele seria sucessivamente modificado, destruído, e reconstruído, até ter sido totalmente abandonado no século VIII pelo califa abássida Al-Mansur.

O moderno Canal de Suez



Ferdinand de Lesseps, construtor do canal.


Litografia retratando a construção do Canal de Suez.

A companhia Suez de Ferdinand de Lesseps construiu o canal entre 1859 e 1869. No final dos trabalhos, o Egito e a França eram os proprietários do canal.

Estima-se que 1,5 milhão de egípcios tenham participado da construção do canal e que 125 000 morreram, principalmente de cólera.

Em 17 de fevereiro de 1867, o primeiro navio atravessou o canal, mas a inauguração oficial foi em 17 de novembro de 1869. O imperador Napoleão III estava presente, e a ópera Aida havia sido encomendada ao compositor italiano Verdi para ser apresentada na inauguração, mas a ópera só ficou pronta dois anos depois.

Também presente como jornalista convidado, o escritor português Eça de Queiroz escreveu uma reportagem para o Diário de Notícias de Lisboa.

A dívida externa do Egito obrigou o país a vender sua parte do canal ao Reino Unido, que garantia assim sua rota para as Índias. Essa compra, conduzida pelo primeiro-ministro Disraeli, foi financiada por um empréstimo do banco Rotschild. As tropas britânicas instalaram-se às margens do canal para protegê-lo em 1882.

A Convenção de Constantinopla (1888) estabeleceu a neutralidade do Canal que, mesmo em tempos de guerra, deveria servir a qualquer nação.

Mais tarde, durante a Primeira Guerra Mundial, os britânicos negociaram o Acordo Sykes-Picot, que dividia o Oriente Médio de modo a afastar a influência francesa do canal.

Em 26 de julho de 1956, Gamal Abdel Nasser nacionaliza a companhia do canal com o intuito de financiar a construção da Barragem de Assuã, após a recusa dos Estados Unidos de fornecer os fundos necessários.

Em represália, os bens egípcios foram congelados e a ajuda alimentar suprimida. Os principais acionários do canal eram, então, os britânicos e os franceses. Além disso, Nasser denuncia a presença colonial do Reino Unido no Oriente Médio e apoia os nacionalistas na Guerra da Argélia. O Reino Unido, a França e Israel se lançam então numa operação militar, batizada operação mosqueteiro, em 29 de outubro de 1956.

A Crise do canal de Suez durou uma semana. A ONU confirmou a legitimidade egípcia e condenou a expedição franco-israelo-britânica com uma resolução.

Com a Guerra dos Seis Dias em 1967, o canal permaneceu fechado até 1975, com uma força de manutenção da paz da ONU, a qual permaneceu lá estacionada até 1974. Quando por ocasião da Guerra do Yom Kipur em 1978 foi recuperado o canal, bem como foram destruidas as fortificações do exército israelense ao longo do canal.

Características




Navio ancorado em El Ballah.

O canal não possui eclusas, pois todo o trajeto está ao nível do mar, contrariamente ao canal do Panamá. Seu traçado apóia-se em três planos d'água, os lagos Manzala, Timsah e Amer.

O canal permite a passagem de navios de 15 m de calado, mas trabalhos são previstos a fim de permitir a passagem de supertankers com até 22 m até 2010. Atualmente, esses enormes navios devem distribuir parte da carga em outro tipo de transporte pertencente à administração do canal a fim de diminuir o calado e atravessar o canal.

A largura média do canal é de 365 metros, dos quais 190 m são navegáveis. Inicialmente, esses dois valores eram de 52 e 44 m. Situados dos dois lados do canal, os canais de derivação levam o comprimento total da obra a 195 km.

Aproximadamente 15 000 navios por ano atravessam o canal, representando 14% do transporte mundial de mercadorias. Uma travessia demora de 11 a 16 horas.



Zona do Canal de Suez

25 de abril 1859 - início da construção do canal.

16 de novembro de 1869 - o Canal de Suez é aberto; operado e pertencente à Companhia do Canal de Suez (Compagnie Universelle du Canal Maritime de Suez).

25 de novembro de 1875 - o Reino Unido torna-se acionista majoritário do Canal de Suez (172 602 ações de um total de 400 000 ações ordinárias).

25 de agosto de 1882 - os britânicos tomam o controle do canal.

14 de novembro de 1936 - a Zona do Canal de Suez é estabelecida, sob controle britânico.

13 de junho de 1956 - a Zona do Canal de Suez é devolvida ao Egito.

26 de julho de 1956 - o Egito nacionaliza o Canal de Suez.

5 de novembro de 1956 - 22 de novembro de 1956 - forças francesas, britânicas e israelenses ocupam a Zona do Canal de Suez.

22 de dezembro de 1956 - o canal é novamente devolvido ao Egito.

10 de abril de 1957 - o canal é reaberto.

5 de junho de 1967 - 5 de junho de 1975 - o canal é fechado e bloqueado pelo Egito.




2 comentários:

saile de jesus disse...

Muito interessante a história do canal do Suez. Apenas tinha uma vaga ideia por ter visto há uns anos a deslumbrante Opera a IDA. Obrigada por ter-me oferecido este conhecimento.

saile de jesus disse...

Muito interessante a história do canal do Suez. Apenas tinha uma vaga ideia por ter visto há uns anos a deslumbrante Opera a IDA. Obrigada por ter-me oferecido este conhecimento. saile de jesus